10.05.2009

O bater das teclas daquela velha máquina de escrever sufocavam-me.
O ar estava denso e pesado. Já não conseguia recordar aquela noite.
Fechava os olhos e tentava reviver aquela ilusão. Mas só restava o vazio. Como se a chuva, que caía lá fora, esborratasse aquele quadro por nós pintado.
Pelo quadrado da janela, a tinta vermelha do fim de tarde, pintava os edifícios escuros, as pessoas que passavam, o rio que parava.
O fogo, ardia também cá dentro. Só este momento, ao anoitecer, era real para mim.
A luz era, como o meu passado, uma dúvida. Tentava enfeitiça-la, pedindo-lhe para durar.