1.14.2010

No alto daquela montanha, a vista era, agora, clara.
Respirava mais ar do que havia para respirar e sentia mais do que tinha sentido.
O escuro abatia-se, sem pena, nem perdão, mudo e cruo. Tudo era negro. Já nada mais havia para existir. Só uma memória.
O vento frio, mas quente de desejo, tocava-me....Abraçava-me... e lentamente a roupa caía.
A casa, atrás, em ruínas, lembrava-me o passado que já foi.
O mar ao longe, bravo e azul, gritava uma voz ensurdecedora. Um chamamento.
Ali, eu, frágil e abandonada, sorria. Já não tinha medo.
Ao lado, uma janela. Olhos não chegavam para alcançar a vista.
Estava seduzida por aquela visão.
A certeza de deixar, fez-me sair.
E tão boa esta viagem.

LunaPapa